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No silêncio da noite, onde o som das folhas a roçar se mistura com o vento frio, a fragilidade humana torna-se evidente, como um cristal prestes a quebrar. A vida, esse fio ténue e incerto, balança entre a esperança e o desespero, entre o brilho fugaz da felicidade e a sombra densa da angústia. Há uma inquietação latente que nos assombra, um murmúrio constante de incertezas e medos que se escondem nas profundezas do ser.

Os sentimentos que nos percorrem, por vezes, são como tempestades num mar revolto. As emoções surgem e desaparecem, avassaladoras, indomáveis, como ondas que se erguem para depois se desfazerem em espuma. Amor, medo, raiva, saudade – todas dançam num ritmo desordenado, num ciclo incessante que nos leva de um extremo ao outro, sem aviso, sem permissão. Somos reféns do que sentimos, marionetas num teatro interno onde o coração e a mente travam batalhas silenciosas e sem fim.

É nos recantos mais profundos da mente que os pensamentos se transformam em labirintos escuros, onde cada canto esconde uma nova dúvida, uma nova inquietação. Refletimos sobre tudo o que nos rodeia, questionando a razão de ser de cada coisa, o sentido de cada gesto, de cada escolha. A vida é um enigma que se desdobra em perguntas sem resposta, um quebra-cabeças que se desfaz e refaz a cada novo olhar, a cada novo pensamento.

O tempo, implacável e indiferente, passa por nós como um rio que corre sem cessar. Cada segundo que se esvai é uma memória que se apaga, um pedaço de nós que se perde. E, ainda assim, agarramo-nos desesperadamente ao que somos, ao que temos, como se pudéssemos controlar o incontrolável, como se fosse possível parar o inevitável. Há uma tristeza doce na constatação da nossa própria finitude, na perceção de que somos apenas passageiros nesta viagem efémera.

O mundo à nossa volta é, por vezes, um espelho distorcido das nossas próprias emoções. Vemos o caos nas ruas, nas notícias, nos olhares perdidos que cruzam os nossos. Sentimos a turbulência da sociedade como uma extensão da nossa própria inquietação interna. É difícil discernir onde termina o mundo e onde começamos nós, como se as linhas que nos separam fossem demasiado ténues, demasiado frágeis.

E, no meio deste turbilhão, há momentos de pausa. Pequenos instantes de clareza, como raios de sol a atravessar nuvens pesadas. Nesses breves segundos, conseguimos ver além da confusão, sentir uma paz que parece quase estranha na sua simplicidade. Mas são fugazes, esses momentos, como borboletas que pousam por um instante antes de se lançarem de novo ao vento.

A fragilidade da existência é um lembrete constante da nossa humanidade, do quanto somos feitos de pedaços de sonhos, de memórias e de esperanças desfeitas. Vivemos num constante balanço entre o que somos e o que desejamos ser, entre o passado que nos moldou e o futuro incerto que nos espera. Somos, no fundo, criaturas feitas de pó e de estrelas, navegando num oceano de sentimentos e pensamentos que, embora pareçam por vezes esmagadores, são aquilo que nos torna vivos, o que nos faz sentir, refletir e continuar a procurar sentido no meio do mistério.

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